sábado, 22 de setembro de 2012


PMERJ não admitirá mulheres no próximo concurso – 6.000 vagas

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), segundo divulgou o Jornal O DIA, anunciou uma medida controversa: a não contratação de mulheres no próximo concurso de soldados da corporação, que abrirá 6.000 vagas. A notícia está gerando polêmica, pois a discussão sobre a afinidade dos atributos femininos e a atividade policial sempre passa por suspeitas de machismo:
Rio – As mulheres estão prestes a perder espaço na Polícia Militar. O próximo concurso para soldado da corporação, que será aberto em janeiro, com previsão de 6 mil vagas, apenas para homens. A medida interrompe um ciclo na PM em relação à figura feminina na corporação.
Dados das últimas seleções para soldado mostram aumento na participação feminina. Em 2009, foram abertas 200 vagas para elas — 5% do total. Já em 2010, o número mais que dobrou: 800 postos oferecidos (22%), sendo que 1.500 acabaram convocadas.
Segundo o chefe do Centro de Recrutamentos e Seleção de Praças da PM, tenente-coronel Roberto Vianna, o grande rigor físico exigido para o cargo de soldado é a justificativa para que as mulheres sejam excluídas desta seleção.
Para o diretor pedagógico da Academia do Concurso, Paulo Estrella, a falta de estudos biométricos e de capacidade de carga dos equipamentos, no entanto, estaria atrapalhando a inserção delas na PM.
“O problema, segundo me relatou o tenente-coronel Vianna, é que a carga de equipamento que cada soldado transporta no treinamento e no dia a dia inviabilizaria a participação de mulheres. O que a PM se propôs a fazer, segundo ele, é desenvolver um estudo do limite de carga para as mulheres para tentar conciliar a necessidade da atividade com o limite físico feminino”, afirma Estrella.
Mulheres da corporação estão indignadas. “É um absurdo. As mulheres comprovaram na prática que a PM precisa dos nossos trabalhos. Somos fundamentais, principalmente nas comunidades com UPPs, porque conseguimos fazer muito bem esse trabalho de polícia de proximidade. Temos um olhar diferenciado sobre a comunidade”, argumentou uma tenente de 30 anos.
Particularmente, a medida parece absurda, e expõe o que já falamos em outras circunstâncias sobre a pontualidade da política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Ora, se a corporação pretende cada vez mais aprofundar o caráter comunitário de suas ações, na perspectiva da aproximação entre policiais e cidadãos, é imprescindível contar com os caracteres próprios da personalidade feminina para estes objetivos. Se não há dúvida que os homens possuem, naturalmente, algumas vantagens físicas que lhe garantem maior força bruta, também é certo que as mulheres são mais conciliadoras, negociadoras e acolhedoras: qualidades essenciais às práticas policiais comunitárias.
Também não se pode ignorar que medidas que excluam o gênero feminino no interior das polícias tendem a enaltecer, sim, o espírito machista que já não é pouco em instituições que tem a força como instrumento – força que, abusada e tecnicamente desajustada gera as distorções que mais são alvo de insatisfação da sociedade.
Três textos que escrevi aqui no blog podem situar o leitor em relação a estas questões: “O problema da violência é um problema de machismo“; “Uma mulher por guarnição policial” e “O preconceito contra a mulher policial existe!“.
Uma coisa é certa: eliminar as mulheres das corporações policiais é tornar muito mais difícil a construção de polícias próximas às comunidade.

Autor:  - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA. | Contato: abordagempolicial@gmail.com

Um comentário:

  1. isso só acontece pois é uma polícia militar se fosse um departamento de polícia tudo funcionaria sem esse mecanismo militar de obediencia cega pois aí vale o que o coronel diz!!

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